Quando a Ira guia a mão

Setembro de 1999 – O despertar.

 

 

-Isso é o que faz da vida um jogo de sete erros!
Acompanhado por uma risada maléfica o magnata falava enquanto tragava um charuto virando sua poltrona de “senhor do mundo” para minha frente. Eu não me contive a visão horrenda de tudo que aquele homem fez desde coagir crianças inocentes, exploração de trabalho até assassinato e estupro.

-Sim, mais para continuar seu jogo e com suas marionetes você precisa de um futuro o que será difícil morto não é?

Ao engatilhar da arma o metal frio corria como o sangue em minhas veias meu desejo era explodir aquele cérebro que tanto causou mal em pedaços. Ele sorri mais uma vez, e eu tive vontade de vomitar.                                                                                         

– A lei está ao meu favor, eu me confessei você não vai me matar!
Cada palavra daquele hipócrita matava um pedaço da minha empatia. Logo soquei a mesa a sua frente, quebrando aquela madeira cara e engomadinha e todos os papeis e canetas de luxo que caíram da mesa desmoronaram como cartas em um castelo construído com pilares diabólicos. O luxo não era capaz de brilhar naquela alma corrompida pelo diabo.                                                                                                             

–Não a Lei protege Homens, e não Demônios.

Não existe volta, não para o projétil de prata do meu OTs-38 que perfurou impiedosamente a testa do maldito, espalhando vestígios daquele imundo por toda parede espelhada do prédio. Aquilo era um reflexo de sua alma, uma alma suja e imunda. Meu trabalho aquela noite estava completo, menos um maldito no mundo. Mais isso nunca termina é como um ciclo vicioso,refleti voltando para o que eu chamo de casa,um apartamento ferrado em uma avenida qualquer onde várias outras pessoas perderam suas almas para o consumismo que reina no mundo. Continuando o meu raciocínio esse ciclo vicioso, sempre alguém vai articular novos interesses para transformar o cenário em sua própria fonte de Lucro. Sempre vai existir alguém querendo ser melhor que todo mundo, e logo eu terei de ser imortal de alguma maneira. Ou treinar alguém para substituir meu trabalho, mais creio que ninguém vai querer ter uma vida tão fodida quanto a minha e eu também não desejo isso para ninguém.. Se existe algo que eu consiga te aconselhar é nunca espere gratidão pelos seus feitos você só fez o necessário mesmo que ninguém veja isso, todo dia eu acordo com uma noticia no jornal  “O Andarilho do Asfalto Ataca Novamente” “Supostos Chefões do tráfico são mortos pelo Açougueiro” “Revolução próxima?”... E por ai vai, lendas sempre vão existir o mundo precisa de lendas, humanos precisam crer em algo para suportarem a vida um tanto quanto amarga que possuem. Mais ninguém liga, ninguém nunca liga. Acredito que se cada humano possuir só um pouco de empatia e ligar para isso mais da metade dos nossos problemas seriam resolvidos. Mais outra coisa que ninguém te contou é que o Caos gera lucro, aliás Caos não sofrimento alheio gera lucro, guerras geram lucro e todo tipo de atrocidade sem limites se gerar lucro logo serão tidas como normais. E é assim que esse mundo deformado pela nossa semelhança com deus o pensamento, gira tão torto quanto essa lasca de pedra arremessada em algum bueiro dessa cidade. Enquanto isso eu ainda sonho com o dia em que algo como o sol irá nos iluminar queimar toda essa sujeira que entope a alma humana. Mas até essa consciência infectar a todos as paginas desse maldito diário e de tantos outros  já estarão completamente preenchidas.... 

 

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