quinta-feira, 30 de junho de 2011

Velho


As verdades contadas pelos becos,
Nas veredas da desinformação,
Nos cantos, à margem do mundo
Para que todos não tivessem ação,
E fossem manipulados como bonecos.

Mas pra quê abrir os olhos hoje
Se no amanhã não estaremos aqui?
Vejo que ninguém mais se preocupa
Com minhas experiências, o que vivi
No meu passado, que parece tão longe.

Minhas cicatrizes não me deixam mentir,
Tenho a fadiga nos calos de minha mão.
A vida, que nunca foi tranquila comigo,
Que sempre tinha em seus lábios um não.
Estou cansado, mas não me deixa partir.

Seus ruidosos chocalhos me acordam
Todos os dias, quando deveria dormir.
Seu seio tão escandaloso me nutre,
Desejo descansar, mas nada de consentir
Eu permaneço, enquanto todos mudam.

Ah, vida amaldiçoada, como te odeio!
Largue-me de vez, deixe-me partir
Quero ir para um lugar onde haja paz.
Nada mais de tantas bobagens ouvir
Num mundo cheio de rancor alheio

No qual já não consigo viver mais.

Desculpem minha ausência por tanto tempo, galere! Andei atarefado, traduzindo algumas coisinhas do Poe, que me ajudaram com futuras novidades pra cá. Bem, espero que tenham gostado. Abraços e beijos do @dereckalexandre

terça-feira, 28 de junho de 2011

Meu jardim


Nasci, e lá estava o meu jardim.
Um campo sem horizonte só para mim.
Havia duas árvores gigantes no meio,
Juntas até que um dia brigaram feio.

Cada dia eu me protegia na sombra de uma,
Mas o tempo passou e com ele foi a penumbra.
Elas já não queriam me proteger mais,
Ou era eu que estava me tornando um rapaz?

Decorei o jardim com várias flores,
Umas eram amizades, outras amores.
Demorei a perceber que a maioria era sintética,
Muitas flores com sentimentos e ações patéticas.

Mesmo assim, algumas eram verdadeiras,
Continuavam crescendo pela minha vida inteira.
Só floresciam quando eu estava com elas,
Só vivam porque eu fazia parte delas.

Um dia, contei essa história às minhas crianças.
Elas riram ao me ver falar dessas lembranças.
Mas esse jardim é algo muito sério:
Até hoje ele é um poço de mistérios

Nunca pude vê-lo por inteiro nessa vida,
Tudo que vi foi uma versão reduzida.
Só minhas crianças um dia poderão ver
O jardim da minha vida que para sempre deixei.

..................................

@mrpitanga também é poesia, gente!
Esse aí vai para o legado que deixarei. Não falo de legado de carreira profissional, família, filhos, mas de um legado de sorrisos e abraços. Um legado de sementes boas para os jardins de quem eu conheço.

Falaí, estou muito fofo hoje, hahahaha
Bye!

domingo, 26 de junho de 2011

O teatro do deserto




Acerto meus pecados nessa terra seca como o inferno
Da injustiça sou refém.
Debaixo desse sol que não me convém.
Cruel como o mais  frio dia do inverno.

A fome constante é a mãe da ilusão
Tenho a dor de me divertir com a mais mortal distração
Enquanto a vida se esvai de pouco a pouco 
Me sinto tão vazio e oco.

Meu sangue já não difere dos grãos de areia
que clama pela água pura que cai do céu
para destruir todo esse véu 
tecido de provações e tristezas


Ae pessoal boa noite! Recado rápido sigam o blog pelo link: http://tinyurl.com/3wkjczp 

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Bom dia!


Uma das histórias começa no fim de viagem de um casal de namorados. Quando ele está indo embora, ela começa a chorar desesperadamente, até soluça. Ele volta e a abraça, pensando se ela realmente sentiria tanta falta dele quanto parecia. Eles se amavam e tudo o mais, mas era só um fim de viagem. Eles se veriam de novo.
— Por que você tá chorando tanto? — Ele pergunta, com medo da resposta. Ele nunca via sua namorada chorar, pelo menos não tanto.
— É que... é que... Ah, não quero falar.
Demorou um bom tempo até que ela conseguisse arranjar coragem para falar. Repetia que era uma coisa boba, mas seu namorado queria muito saber. Estava preocupado demais com ela.
— É que... eu não vou mais ouvir seu bom-dia todo dia. Ou melhor, eu não vou mais ouvir qualquer bom-dia quando eu acordar.
E o namorado, subitamente, percebeu que um ato tão simples como beijá-la às oito da manhã e abraçar seu corpo vestido com uma camiseta gigantesca dele não era "um ato tão simples".

O bom-dia é uma coisa séria, meu caro. Você diz "bom dia!" para o cobrador do ônibus que pega todo dia? Cumprimenta seus companheiros de trabalho, acena para um conhecido na rua, ou pelo menos sorri com sinceridade para um mendigo que só precisa de um segundo de atenção? Às vezes, o bom-dia que você dá para alguém é o único bom-dia que essa pessoa vai ouvir pelo resto do dia.

Outra história é a de um professor da USP, que para sua tese de mestrado em psicologia — ou algo assim, minha memória é falha — trabalhou como faxineiro de sua própria universidade por um ano. Nesse período, podia ser contado nos dedos das mãos as vezes em que alguém o desejou um bom-dia, por mais que fosse por simples impulso. As pessoas preferiam vê-lo como objeto da paisagem, e até esbarravam nele sem dizer nada. Ele e um cone lado a lado pareceriam a mesma coisa para qualquer um que passasse por eles.

Você já parou para pensar na importância de falar e de ouvir um bom-dia? O mundo pode melhorar por causa de uma frase que dura menos de um segundo para ser dita. Isso não é questão de educação nem de boas maneiras, é de solidariedade. Dizer bom dia é fazer com que alguém se sinta importante, se sinta onde está, se sinta vivo.

A última história é minha, uma fração de segundo enquanto eu andava com a minha já falecida avó pela rua. Um homem desconhecido, vestido com um paletó impecável e arrumado como que para o casamento do Príncipe William, simplesmente passou por nós e disse "Bom dia", no meio de sua pressa para chegar ao trabalho. Nem chegamos a ver o rosto do homem, mas aquilo trouxe um certo desconcerto em nós dois. E depois desse desconcerto de pensar que ninguém dá bom-dia a estranhos, ficamos alegres dele ter falado isso para nós dois. Hoje em dia penso nele como alguém que semeou sorrisos por aí, e deve semear até hoje. Alguém que sabe a nobreza dessa ação.

Então, para todos vocês, um bom dia.

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Esse é o meu primeiro ensaio aqui no Heavens Will Burn, e espero muito que vocês tenham gostado. Afinal, estamos aqui para salvar o mundo com nossas palavras.
Ah sim, antes que eu me esqueça: Sigam o @heavenswillburn , agora que ele está pop e com o quadro #Signswillburn , sobre horóscopo e a coisa toda. Aposto que vocês darão vários RTs em nosso anjo caído do Twitter, hahahahaha
E uma última coisa, uma coisa boba: Para vocês que realmente gostaram desse texto, vejam esse link: http://tinyurl.com/5tpgp3q . Não importa onde estiverem, com quem estiverem e nem com que humor estiverem, sempre digam bom-dia.

E digam tchau também, como faço agora.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Inverno


O cheiro que fugia dos bueiros
Entrava pelas minhas narinas
Naquela manhã triste de inverno.
Eu andava sozinho pela rua,
Com o sol a bater em meu rosto,
Mas nada de esquentar meu peito.
Minhas mãos, que há poucas horas
A levantavam para o ar, iam vazias.
Parecia que fazia muito mais frio agora.
Talvez fosse apenas a falta de seu toque
Ao redor de minha cintura, em nossas caminhadas.
Ou o cachecol, esquecido em casa hoje,
Mas que você nunca me deixava esquecer.
O pior de tudo, é a falta da sua presença.
Mas a rua estava muito vazia agora,
Com a neve dominando as calçadas e ruas,
Enfeites nas casas, à espera do Natal,
E minha árvore completamente sem presentes.
E quando você se desequilibrava,
Tentando colocar os enfeites na árvore.
Sempre deixava a estrela para mim.
E agora é você que está brilhando no alto,
Só para mim. A maior estrela entre todas.
O amor nunca vai se apagar de meu peito.
Mas sua falta é grande demais para aguentar.
Sigo sem rumo, cada vez mais frio,
Entrando mais e mais em minhas entranhas
Um ar gélido, pálido como meus lábios,
Que não têm mais a quem dizer: "Eu te amo"
Meu corpo anseia por você, bem como minha mente,
Que desajustada, tenta entender o motivo.
Sua partida é sentida em cada momento,
E a cada momento não suporto mais viver.

terça-feira, 21 de junho de 2011

E agora?


Me diz agora o que eu faço
Com minhas noites tão vãs.
Minha vida é da sua agora órfã,
e de você nem tenho o abraço.

O tempo se arrasta, devagar
Como se cansado estivera
Meu coração se acelera
Só de pensar em te amar.



Os dias passam como meses
Nessa minha vida sem sentido
E estou sendo assim punido
Por me entregar diversas vezes.

Sob a luz do luar eu fico
Atento a cada passo, ao longe
Ou aquele que minha visão tange
Pois de seu amor não abdico.

Quero outra vez sentir o doce
Perfume em sua pele macia
Que se acentua na sua ausência
Como se sua pele o ar fosse.

Por isso, não se esconda mais
Venha novamente ser a alegria
Desse velho, que apenas queria
Ter novamente o seu amor voraz.

Boas tardes! Espero que gostem desse post mais que o úlitmo! haha

Bjos do @dereckalexandre

domingo, 19 de junho de 2011

Te quero


Queria ter a chance
De apenas uma vez
Te expor meu romance
E de tocar a sua tez
Macia.


E nas noites frias
Poder ficar a sós
E durante os dias
Somente os dois de nós
No quarto.

Sua tão tenra mão
E a sua voz suave
São uma perdição
Tão grave
Para mim.

Só peço que me ouça
E que não se vá embora
Pois te quero desde moça
E eu te espero a toda hora
Tão quente.

Mais um post do eterno apaixonado aqui.
Abraços do @dereckalexandre

sábado, 18 de junho de 2011

O espantalho



Com o espantalho, eu aprendi a ter paciência.
Todos os dias eu olho meu milharal da varanda e vejo o espantalho na mesma posição, esperando o milho crescer. Fica lá, esperando o milharal bater em seus braços, ser recolhido e renascer. Assim, por toda sua eternidade feita de palha, ele sabe que tudo acaba, mas também sabe que muito nasce onde algo termina. E que nada pode mudar isso senão o tempo.


Com o espantalho, eu aprendi a ser resistente.
As estações passam, e com elas vêm todos os tipos de problemas: chuvas, geadas, abutres, ventos. Mas lá está o espantalho, sacolejante mas sempre firme em sua estaca, atento com o milharal a todo momento.

Com o espantalho, eu aprendi a dar valor aos dias.
Ele sempre olha para a mesma direção, vê o sol nascer e nunca o vê se pôr. Mesmo assim, ele continua sorridente. Para o espantalho, não importa se o dia nasce chuvoso, ensolarado, triste ou alegre. Ele está feliz porque o dia nasce para ele.

Com o espantalho, eu aprendi que sempre tenho algo a aprender.
E ele, por sua vez, aprendeu que até mesmo um espantalho tem muito a ensinar.

*

Sempre que falo que não vou mais postar aqui, eu começo a postar loucamente. Ironias da vida, sacumé.

Eu sei que estou usando demais essa parte final dos meus textos como desabafo, mas é meio que necessário. O papel e a caneta é o que me salvam, sempre me salvaram.

Mas a salvação está muito próxima da danação.
Tschüss!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Imunizado


Os seus ouvidos não captaram minha voz
Que fraca, tentava te chamar em vão.
Mas, enquanto tentava fugir de meu algoz,
O trem enfim parou na última estação.


O último chamado para embarcar era dado
E minha vida se desmoronava com o adeus
Minhas forças se perdiam, fui condenado
A ficar sem o brilho dos olhos seus.

Agora há marcas em mim, por toda parte
Cicatrizes de feridas muito profundas.
São para minha vida piores que a morte
E não me foram deixadas outras saídas.

Nem cheguei a ver o rosto que me impedia
De chegar até você na estação derradeira
Somente sei que o que eu mais queria
Era viver com você minha vida inteira

Mas não, fui encarcerado no último trem,
Sem ao menos uma chance de te conhecer,
Mas consegui ver seus lindos olhos bem
E dessa lembrança eu nunca vou esquecer.

Sim, idealizei você como um amor para mim
Só não pude concluir meu plano para nós
Nem mesmo sentir o seu perfume de jasmim
Pois não pude ficar com você à sós.

Estou agora imunizado, não consigo amar
Minhas forças já me deixaram há muito
E apenas assisto a minha vida oscilar
Entre aquilo que eu penso e o que sinto.

Milhares de vozes na minha cabeça chamam
Pelo seu nome, que sei sem nem te conhecer.
E os seus olhos que meu peito inflamam,
Me acompanham desde o raiar até o anoitecer.

Se curtiram, comentem aqui embaixo, ou mandem as opiniões lá no Twitter: @heavenswillburn

Beijos e abraços do @dereckalexandre

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O discurso de Rodrigo

- Parte 1: A poesia de Adelaide -


Subo no palco. Ah, quantas vezes já fiz isso?

Centenas de pessoas naquele salão me olhavam, esperando minha voz sair pelos alto-falantes. Todo tipo de gente, desde os caras da Portobello Club, passando pela minha família pequena e chegando nas garotas do meu fã-clube. Era muita gente mesmo, até gente que eu nem sabia quem era.
Segurei o microfone com uma mão e o pedestal com a outra. Tentei, por um momento, avistar Adelaide em meio a muita gente desnecessária, mas nada dela. Talvez ela nem morasse mais em São Paulo, caramba. Como fui idiota em convidá-la.
Bem, então vamos lá. Hora do discurso.

— Primeiro, eu... queria agradecer a todos que vieram. É uma honra para mim dividir esses cinquenta anos com vocês.
Minhas mãos estavam fazendo pressão demais no pedestal. Percebi que elas, de algum modo, estavam geladas de suor. Parecia a minha primeira vez em cima de um palco.

Quantas vezes já subi em um palco, mesmo?


— Em segundo lugar... eu quero dizer o quanto essa vida é bela, sabe? Nunca havia me imaginado aos cinquenta anos assim como estou. Nunca pensei que meu esforço seria tão recompensado, e acho que alguma coisa lá em cima me ajudou. Ou lá embaixo, não sei.
Como sempre, arranquei algumas risadas da plateia. Só eu não conseguia rir. Meus olhos ainda estavam agitados, olhando para todos e para ninguém. Senti medo, como não sentia há muito tempo. Sentia minha pequenez diante do meu coração.
E, de repente, eu não podia mais segurar.

Fechei os olhos e tentei esquecer Adelaide. Enquanto estava de olhos fechados, nem notei o tempo passar. E ele passou rápido. Os convidados começaram a burburinhar com um ar de preocupação, mas minhas pálpebras não queriam levantar. Eu estava preso.
Minha respiração acelerava mais e mais. Alguns já até pensavam em infarto, só que não era nada disso. Eu não ia morrer, por mais que quisesse. Era só uma vontade incontrolável de sumir, me esconder em casa e só sair quando minha mente estivesse organizada. Era aquele clássico momento depressivo do dia do aniversário, ia passar.
Abri os olhos. Eles estavam embaçados, mas pude ver os vultos se aquietando e os caras da banda (que estavam quase me levando nos ombros para um pronto-socorro) se afastando. Meus nervos tremiam involuntariamente, mas tudo parecia sob controle. Eu só queria...
Só queria...
— Eu queria falar a verdade para vocês.
Eu só não queria pensar alto.

Todos se silenciaram em um clima mórbido. Do nada, a festa não era mais uma festa. Ela, na verdade, nunca deveria ter sido. Eu queria falar a verdade para as pessoas há muito tempo, e aquela era a hora. Na festa.
— Depois desses cinquenta anos, eu percebi que... que não é isso que eu quero.
— Isso? — Uma voz disse no meio da multidão. Acho que era meu empresário.
— Sim, isso. Essa vida — Mesmo depois de tudo isso que havia acontecido, minhas mãos estavam no mesmo lugar, como se uma corrente elétrica estivesse passando por elas — Essa vida de muitas vozes e poucas palavras, essa vida cheia de contos de fadas e nenhuma lição de moral. Nada disso parece estar fazendo sentido agora. Muito obrigado por terem vindo, mas... eu preciso sair.
Tirei as mãos do pedestal e elas estavam brancas como minha alma. O público estava atônito, mas aquela era a verdade. Todos aqueles convidados, todo o glacê no bolo, todas as cinquenta velas e toda a minha vida até aquele ponto era um erro. Já vi tanta gente que chega ao fim da vida sem buscar o que quer, e eu não quero ser assim. Não quero viver só porque ainda não morri.
De novo me veio à mente se eu não trocaria minha vida de rockstar por uma vida ao lado de Adelaide. Só que daquela vez eu tinha a resposta, e todos sabiam qual era. Estava estampada em minhas mãos petrificadas pelo suor e em meu olhar vazio.
Onde estaria Adelaide a aquela hora?


- Posfácio -

1. Desculpem a formatação, estou BEM SEM TEMPO de ficar postando e arrumando e emperiquitando o post.
2. Pensei que "A poesia de Adelaide" acabaria aqui. Só pensei, né. Essas coisas não acabam tão facilmente.
3. Está um inferno toda essa situação das postagens, me sinto até como uma mera participação especial no blog. Dá vontade de sair xingando geral por aí, mas eu me seguro. Como sempre me segurei.

Até a próxima, gente! (:

domingo, 12 de junho de 2011

Timidez


A timidez que cai, é jogada
Como as roupas que despe,
Atiradas ao chão com volúpia
Ardendo em brasa, sufocando
Os pensamentos com beijos.


O desejo me impede de pensar
Minhas mãos buscam se saciar
Nos contornos do seu corpo.
Desesperado, me sufoco em você,
Com sofreguidão, te engulo inteira.
Mas aproveito cada momento,
Cada suave toque de sua pele,
Fico cada vez mais próximo do céu.
A etérea carnalidade dos atos
Que praticamos juntos me atordoa.
É um júbilo para meus sentidos
Quando você e eu somos um só.

Especial para o dia dos namorados! Desculpem a demora, galera!! :D Espero que gostem!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O que eles estão vendo



"Position unknown, loneliness hurts." (Tokio Hotel - Humanoid)

Por algum motivo, sempre nos sentimos sozinhos na multidão. Nossas almas têm claustrofobia.
É só olharmos para os lados que vemos dezenas de pessoas, talvez centenas. Todas com um aglomerado de informações equivalente ao seu. Todas com problemas, com confissões e segredos.
E ninguém fala nada.


Vejo uma mulher magra, com aparência de velha, mas é perceptível que tem pouco mais de trinta e cinco anos. Sua velhice não tem nada a ver com o tempo. Com certeza, sua vida foi um martírio sem fim, e posso dizer que ela está cansada de viver. Acorda e dorme estressada, achando que errou na vida. E, de fato, errou. Mas nunca admitirá isso, nem para o seu marido e nem para os seus filhos. Sua dor descansará com ela no túmulo.
Tenho pena dela.

Vejo duas moças de vinte e tantos anos saindo de um carro luxuoso. Uma loira, outra morena, ambas usando saias jeans e empunhando bolsas que custaram a vida de um índio. Com certeza, nada no cérebro. Conversam despretensiosamente sobre os óculos da Dolce & Gabbana que compraram em uma outlet em Miami e sobre alguma balada onde usarão esses tais óculos. Não seria demais se eu dissesse que elas têm uma vida padrão. Uma vida, digamos, sem-graça. Elas nasceram no ponto onde muita gente quer chegar, então... não tem mais emoção. Nasceram no topo o Everest, e é quase certo que elas só podem cair de lá.
Tenho pena delas.

Vejo um morador de rua acariciando os pelos sebosos de um vira-lata. Sua barba quase se funde com os pelos do cachorro. Até sua vida quase se funde com a do cachorro. Ambos devem ter levado inúmeros socos na cara da vida até chegarem onde chegaram. Nada demais, mas pelo menos sorriem. Desdentados, mas sorriem.
De todas as vidas no meu campo de visão, a deles é a única da qual não sinto pena.

E, subitamente, lembro que eles também me veem. O que eles estão vendo em mim? Tenho medo de saber.
Tenho medo porque não quero sentir pena. Não deles, mas de mim.

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Gente, eu não sou obrigado a ficar de bom humor o dia inteiro. Sério.
Se acham que sou, é melhor eu sair dessa cidade.
Na verdade, o que eu quero É sair de São Paulo. Aqui não é um lugar para quem quer crescer, é um lugar para quem cresce.
E eu... cara, não consigo crescer. O passado continua colocando suas mãos sobre meus pés. De verdade, ir para outro lugar seria perfeito. Queria muito me desvincular disso tudo que pesa sobre minhas costas. Me sinto o Atlas da mitologia grega, carregando o mundo nas costas.
Tenho pena de mim. E pena é o pior sentimento que se pode ter sobre outra pessoa.
Até algum outro dia, gente. E dane-se se vocês só leem poemas agora, eu vou continuar escrevendo meus textos em prosa.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

First Bite – More Than a thousand


You were bitten first on the darkest of nights.

Now you'll be living this life forever

And no one is ready for this, and no one is ready for this,

But I'm not afraid to die!
Você  acorda sem um pedaço do braço,jogado em uma poça em um cemitério qualquer de Londres sentindo algo de errado uma dor insuportável no peito e tomado por uma imensa náusea pelo cheiro de sangue fresco.Escutando uma voz te aconselhar:
 -Agora está em seus olhos dentro da sua pele, voce pode não entender mais logo irá sentir a fera dilacerar seu peito.

  
Disse o homem robusto no canto de uma lápide ele gargalhava como um louco beirando a um animal como uma hiena mais precisamente. Aquilo é o inferno e quando você está no inferno apenas dois seres podem lhe retirar de lá. Tudo é diferente sua visão foi melhorada, você passa a ver o mundo através dos olhos de uma besta onde toda sua vida você foi apenas mais um agora é um alfa.Seu olfato apurado sente de longe a vida correndo, pessoas presas em suas funções chatas e todo esse sangue circular.
Another night

The streets are filled whit filth and shit
They smell like blood and cheap wine
You live in the depths of forever but I will find you
You live in the depths of forever but I will hunt you down
Mas acima de tudo você sente que uma parte do seu cérebro foi lobotomizada, e no seu coração agora é o lar de uma fera terrível e sem sentimentos. É o seu monstro interior que agora está se debatendo contra a jaula quer sair de qualquer maneira,então você cai de joelhos pressionando forte sua mão contra seu peito para encontrar o vestígio do humano que ainda resta em seu coração perdido
Every minute you live someone dies
I swear that I have tried
Only to find that I am lost again
Mas os gritos daquele maluco ao seu lado  deixa cada vez mais difícil a concentração e então você começa a negar mais no fundo bem no âmago da sua consciência você entende:Não há volta.
It's in your eyes, under your skin
and I don't understand

up in the sky, on the blackest night
come down and take my hand.

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Post em homenagem a @dkdree_ e aos amigos dela do More than a thousand :D ahahahahahah. 
Abraços e boa Leitura 
ps: Tem continuação esperem pelas outras musicas :D

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Corpo


Meus olhos buscam ao longe
Penetrar entre as veredas
Tão curvas de seu corpo.



A sua essência
Agride meus sentidos
São um tapa em minha cara,
Me instigam, excitam, judiam.
Fazem o que querem comigo.
Busco alucinadamente
Um toque, num apelo vital.
O suave perfume que inalo
Me leva aos céus de vez.
Palavras e pensamentos
São incapazes de descrever
Aquilo que meu corpo sente
Ao tocar em sua quente tez.
Somente ao te ver
É que meus olhos se saciam,
Minha sede se esvai.
Seu corpo é meu santuário,
E seu coração, meu relicário,
Que guarda em si toda a minha vida.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Nostalgia


Não tenho memórias
Deixo-as para aqueles
Que viveram mais que eu.



Comecei a viver tarde.
Mas não fico mal por isso:
Não tenho carência pelos
Findos momentos raros
Que nunca existiram.
E se existiram, nem lembro.
Sinto que é melhor esquecer.
Lembranças doem.
Se ruins, doem por fora,
No corpo. Arrepiam-nos.
Se boas, doem por dentro,
Na alma. Desassossegam-nos.
Ao lembrarmos demais,
Tornamo-nos reféns da nostalgia.

sábado, 4 de junho de 2011

Mulher


Para mim, a beleza do mundo
Pode ser resumida apenas
Em uma simples palavra: Você.


Todos os mistérios da natureza,
Os percursos dos rios revoltos,
A profundeza do mar bravio,
E a leveza da brisa na praia.
Os contornos das montanhas,
Que imperam o seu redor e
São esplendorosas, radiantes.
Refletem os raios de sol,
Transformam as águas da chuva,
Seu topo tira o ar dos pulmões.
Tudo isso é nada, se comparado
Ao que representa seu estado
Sublime, de graça divinal.
Tudo em você é natural,
Tudo em você é doce e puro.
Seus olhos refletem meu amor.
Seu sorriso é minha paixão.
Seu beijo é meu motivador.
Tudo depende de sua respiração.

Galera, desculpem o tom meloso. haha! Quis voltar às origens. O que acharam?

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Poema mais bonito da cidade


Minha dor: essa é a última opção
Pra fugir da danação
O suplício é tão leve quanto a pena pesa
E se impõe como uma visita em nossa mesa.

Senta-se o coração!
Nele metem-se três adagas,
Cabe outra decepção.
Cabemos nós dois.



Esconde-se outra paixão
É meu último pedido pra desfazer a perdição
Perdição que é tão amigável, nem pesa
E senta-se ao meu lado, tão real, à mesa.

Sente-se, minha paixão!
Sobram vidas nessa vida
Sobram lágrimas no coração
Cabemos nós dois

E as lágrimas da derradeira canção
Com certeza marcarão
Aqueles que nem aproveitaram a beleza
De poder sentar comigo à minha mesa.

Cabem mais revelações.
De como a vida foi, não sendo.
E como fui assim, vivendo
Sem ter nenhuma paixão.

Poema inspirado na música "Oração", da Banda mais bonita da cidade.

Comentem o que acharam! ;)
-----------
Contribuição do @VictorFarias__ :D
Bom para quem não conhece "Oração" tá ai  o video

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Retratação / O som do silêncio

Boa tarde, gente.
Queria pedir desculpas por eu não postar com frequência aqui.
Tive inúmeros probleminhas nessas últimas semanas, e ontem recebi a notícia de que eu não vou poder mais mexer nos computadores do CNA, olha que beleza.
Isso significa que ficarei ainda mais longe daqui, a não ser que aconteça algum milagre e um Sony Vaio pouse nas minhas mãos.

Não esperem nada meu tão cedo, principalmente porque minha inspiração foi embora há algum tempo.
Até algum dia, e continuem vendo as novas postagens do Dereck, do Barney e do Lobisomem. Abraços.

- Fiquem agora com um conto que estou escrevendo nesse exato momento. Espero que gostem, pois será a minha última colaboração com o HWB em um tempo.

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"Quando uma mulher diz não ela quer dizer talvez, e quando ela diz talvez quer dizer sim, porque uma mulher nunca diz sim."

E, de novo, ela repousou a cabeça na mesa e ficou olhando os clipes de música na televisão, como se não tivéssemos conversado por horas a fio.
Resolvi encará-la, olhar para seus olhos verdes tão difusos e corretos. Ela também olhou para meus olhos castanhos tão pequenos e concentrados. Mesmo assim, ela não falava nada.
— Por favor, fala alguma coisa.
— ...Alguma coisa.
— Você parece...
Segurei a língua por alguns momentos. Odeio quando começo a filosofar demais, principalmente com uma garota tão misteriosa quanto ela.
— ...Você parece querer falar alguma coisa, mas ao mesmo tempo... não quer falar. Tem medo.
E ela continuou me encarando, impassível. Queria me desafiar, queria que eu continuasse a falar.
— Parece que todo dia você lembra dessa tal coisa e, do nada, para de falar. Ela te inibe de ser alegre, te inibe de se soltar.
A garota de pele translúcida e rosto marcado por espinhas estouradas só moveu um pouco seu lábio para cima, como se quisesse dizer "é por aí mesmo, continua". Seus olhos continuavam me dissecando.
— Você nunca contou esse segredo a ninguém, e queria muito alguém para contá-lo. No entanto, não faz a mínima ideia de quem pode ser esse alguém.
Não acreditei que ainda estava falando tudo o que me vinha na cabeça. Acreditei menos ainda na minha mão que se aproximou da dela sem que eu fizesse força alguma.
— ...Eu posso ser esse alguém?
Os olhos dela viraram para um canto aleatório.
— Talvez.
Eu venci, finalmente. Nada como o som tranquilizante... do silêncio.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Constituição da Alma

Este documento tem como objetivo definir os direitos e deveres de uma alma humana. Siga esse mandamentos e você será feliz por várias vidas:



Primeiro Parágrafo: Toda pessoa tem direito de ser feliz e o dever de fazer outras pessoas felizes.
-Fica estabelecido que toda pessoa pode e deve ser feliz da maneira que achar melhor, nunca violando o dever de com sua felicidade outras pessoas sejam felizes.

Segundo Parágrafo: Toda pessoa tem direito de receber um sorriso quando estiver chateada e o dever de retribuir o mesmo sorriso quando for necessário.
-Fica estabelecido que toda pessoa deve ajudar uma outra com um sorriso sincero e ser ajudado com o mesmo sorriso quando precisar de uma forma de se alegrar.

Terceiro Parágrafo: Toda pessoa tem direito de brincar e o dever de saber a hora certa de ser sério.
-Fica estabelecido que toda pessoa tem o direito de se divertir da maneira que quiser, com quem quiser e como quiser. Mas a mesma tem o dever de saber o momento de ser sério, a hora de não brincar

Quarto Parágrafo: Toda pessoa tem direito de ter suas próprias crenças e o dever de respeitar quem não as tem.
-Fica estabelecido que toda pessoa tem direito de acreditar no deus que quiser, mas tem o dever de saber respeitar as pessoas que não tem essas mesmas crenças.

Quinto Parágrafo: Toda pessoa tem o direito de sentir raiva, ódio ou ira. Mas tem o dever de saber se desculpar e perdoar.
-Fica estabelecido que toda pessoa tem direito de se irritar, se sentir irado ou ter ódio de alguem por qualquer motivo. Mas deve saber a hora que está errado e se desculpar ou perdoar as pessoas que foram magoadas.

Sexto Parágrafo: Toda pessoa tem o direito de se estressar com seus pais ou com seus amigos , mas todos tem o dever de entender que sem eles você não seria nada.
-Fica estabelecido que toda pessoa tem direito de gritar e se estressar com seus pais e amigos. Mas sem esquecer que sem essas pessoas sua vida seria diferente, logo você não seria você.

Sétimo Parágrafo: Toda pessoa tem o direito de ter amigos e o dever de que um desses seja verdadeiro.
-Fica estabelecido que toda pessoa tem direito de ter amigos com quem conversar e brincar e o dever de um desses amigos poder confiar, tornando assim a amizade verdadeira.

Oitavo Parágrafo: Toda pessoa tem o direito de amar e o dever de ser amado por alguem.
-Fica estabelecido que toda pessoa tem direito de amar, se apaixonar por outras pessoas e o dever de ser amado por alguem mesmo que essa pessoa não seja a que você procura no momento.

Nono Parágrafo: Toda pessoa tem o direito de quebrar a cara na vida e o dever de se levantar e aprender com seus erros.
- Fica estabelecido que toda pessoa tem direito de quebrar a cara, cair na vida, de passar por situações desesperadoras. Mas tem o dever de com essa situações tirar um aprendizado para que o erro não seja cometido novamente.

Décimo Parágrafo: Toda pessoa tem o direito de uma segunda chance e o dever de saber retribuir essa chance.
-Fica estabelecido que toda pessoa tem direito de uma segunda chance, independente do erro a pessoa tem a chance de se redimir e tentar fazer diferente. E o dever de que essa segunda chance seja aproveitada ao máximo  pois a mesma não terá uma terceira chance.

Finalizo assim os direitos e deveres da alma.

Ass: Deus, seu criador!

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Um texto diferente do meu estilo. Tentei fazer algo legal...
Comentem por favor!