quinta-feira, 31 de março de 2011

Durante a noite


Dormira mal. Naquela noite, estava com fortes dores por todo o corpo. Mal havia se deitado, parecia que seu despertador tocava. Quando esticou a mão para desligá-lo, percebeu que ele estava diferente, tinha uma textura aveludada, pegajosa. Levantou os olhos e tentou enxergar no escuro o que podia ser aquilo. Ficou aturdido quando viu algo negro e arredondado a se mexer sobre sua cabeçeira, e por toda a parede sobre sua cabeça.

Tentou em vão alcançar seu abajur, para poder enxergar melhor. Conseguiu após muito esforço ligá-lo. Desejou que não houvesse feito isso. Seu quarto estava completamente tomado por aranhas, de todos os formatos, cores e tamanhos. Todas olhavam estranhamente para ele, como se ele fosse apenas mais uma mosca presa em sua teia. O terror tomou conta de seu ser, piscou os olhos para ver se elas sumiam. Não sumiram, pelo contrário, pareciam cada vez mais próximas dele.
Após algum tempo, notou que uma das aranhas ao canto emitia um barulho estranho, como o rádio de um carro velho, e lançava uma luz vermelha que piscava em direção aos seus olhos. Finalmente, num sobressalto, abriu seus olhos e viu que na verdade, a aranha piscante era seu despertador. Desligou-o e foi tomar banho. Tinha que ir trabalhar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Roadsick



Time take me away
'cause I can't fight anymore.
Time take me away
'cause I can barely hold on


O que mais você espera deste lugar? Isso é o que minha mente pergunta, incansavelmente ela me enche de perguntas sem repostas, caminhos sem final...Como sei? Apenas sinto! Desde que deixaram um vazio aqui dentro, está cada vez mais difícil manter o ritmo, manter minha sanidade diante dos fatos que cortam o folego. Sento naquele sofá vermelho já gasto, observo as pequenas coisas que passam despercebidas...Já reparou como a fumaça do café consegue expressar o que você está sentindo? Elas ficam inquietas na alegria e serenas demais quando se está triste. Já consegui vigiar todos os seus pensamentos em um minuto? São tantos , não? Cansa. Mas penso todo dia, toda hora, como deve estar seu olhar nesse momento, inquieto como sempre? Calmo e limpo, do jeito que você me olhava? Tempo, por favor me leve embora! Respirar fundo não resolve mais nada, nem consegue mais expulsar esses males daqui de dentro.

Naquele bloco, ainda em cima da mesa, todas as músicas que faziam parte da nossa “trilha sonora”! Promessas e sons, desejos e confissões, desespero e sede, amizade e paixão. Dei risada ao lembrar do dia que passamos o dia inteiro lendo o bloquinho e ouvindo as mesmas músicas, que tentavam ressuscitar a chama quase apagada de nosso vínculo, dessa coisa que chamam de “amor”. Banal, idiota, estúpido demais tudo isso. Tempo, por favor me leve embora!

Se passaram tantas semanas, mas ainda continuo cantando a mesma canção. A mesma, aquela do começo de tudo. Olho pela janela e vejo tudo igual, intacto...Por que não posso ser assim? Sem dor, sem mágoas, sem...Vida? Mal posso esperar o tempo passar, levar tudo isso que guardo aqui, dói tanto. Tempo, por favor! Leve essas sensações logo, me deixe aqui. Para voltar a esperar, intacta. Sem nenhuma lágrima, com o coração batendo mais forte a cada nascer do dia.



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Sei que é fora do meu estilo de poemas, mais esse texto foi enviado pela Andressa, leitora do blog e uma amiga! Simplesmente adorei esse texto e acho que coisas assim tem de ser mostradas para outras pessoas. Então tá ai!

terça-feira, 29 de março de 2011

Solidão


Gosta de me acompanhar
Em cada momento vão,
Em cada frase solta ao vento
Sobre as ruínas das pontes

Que me ligavam ao mundo.
Com pesar nos olhos,
E o coração abalado,
Risco versos na folha branca
Profanando sua pureza,
Com minhas lágrimas de sabor acre.
Peço perdão mentalmente
Por não ser compatível
Com seus anseios para mim.
Por não ser digno dela.
A lacuna jamais será preenchida.
Cada lágrima é um sopro de vida,
Que se esvai suavemente.
Não há como voltar.
Vou de encontro à ela.
De braços abertos
E olhos fechados de medo.
Mordaz, feroz e carinhosa,
Toma-me em seus braços esqueléticos.
Devora-me com seus olhos famintos
Por todo o meu ser, minha vitalidade.
Somos só ela e eu agora
Em sua obscurecida morada.

domingo, 27 de março de 2011

Rosa no jardim



Rosa que brotou em meu jardim,
Envolveu-me com sua leve beleza;
Suave, natural, lindamente se abriu
Até mostrar-me seu interior.

Traduzi-lo tentei, mas foi em vão;
Até achei que a loucura me afligia.
Queria eu tê-la para mim,
Uma flor, um amor, só assim
Teria suas pétalas, seu perfume,
E os guardaria na memória, sempre;
Queria eu mais perto te sentir,
Um toque, um pouco a mais que um olhar,
Entretanto, permaneço à janela,
Retenho-me apenas a contemplar,
O Sol que brilha em tua pétala.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O paraíso era aqui


 03/04/2012 – O Paraíso era aqui. 

Em uma terra dominada pela selvageria, onde o clima é pesado sendo que até o próprio ar que se respira queima os pulmões em fúria e o sol desistiu de brilhar, você só reza para que a bala disparada da sua arma traga um pouco mais de fé e luz, e... É claro acerte a cabeça dos Pesadelos.


O Paraíso era aqui na época em que todo mundo trabalhava, vivia sua vidinha que achavam medíocres tinham um lar uma casa e a missão de chegar vivo ou inteiro todo dia. Falo isso porque antes do grande Apocalipse eu era um escritor e hoje a mesma mão que segura à caneta para fazer poesia agora segura uma Carabina metralhadora Sten, toda suja de lama e sangue.

Não sei o que aconteceu na verdade ninguém sabe até hoje, os mortos os pesadelos não levantaram por culpa de um vírus, ou um portal vindo de outra dimensão. Na verdade a única triste coincidência é que tudo começou em janeiro de 2012. De repente tudo que você conhece ou chama por realidade mudou.. Tudo que possui vontade suficiente para semear a destruição consegue voltar de alguma forma, assombrações tomaram diferentes formas as mais comuns são os zumbis, outras assombrações tomam uma forma mais horrenda e essa nova realidade traz a loucura no cérebro de quem a vivencia. Tudo o que eu procuro é uma forma de ajudar os outros, pois tudo que eu tenho agora são restos e lembranças de uma vida que era perfeita.

 
27/03/2012 – Um Abrigo para a Chuva

Joanna e eu não entendemos nada do que está acontecendo, os noticiários são confusos e o tempo parece ter parado. O caos e a fobia se instalaram no coração de toda população, esses horrores lá fora e ninguém quer permanecer unido, talvez seja isso o problema da nossa espécie e é ai que os Pesadelos atacam na adversidade. O governo não ajuda em nada a população só o “Clube dos Gringos” fechados para políticos e suas prostitutas e outros famosos são como uma fortaleza que os protege da nova realidade, o máximo que fazem é entregar uma arma na sua mão e falar com um sorriso falso: “Faça o melhor que puder com isso filho!” E o coletivo, toda essa história ai de nação unida você enfia no vaso sanitário (se você der sorte de achar um) e dá descarga. Nas adversidades cada um no fundo bem no fundo quer garantir o seu, sua própria sobrevivência e então quando um é derrubado vira apenas uma questão de tempo para todo o resto desmoronar.

28/03/2012 – Renascimento

Blábláblá Pavlov agora não existe mais, enquanto lágrimas tomam minha mão e mancham o papel desse maldito diário. Joanna minha única fonte de paz foi tirada de mim. Apenas quando você perde tudo mais tudo mesmo é que você percebe que tudo aquilo era o que você precisava ter. Os tiros destruíram a maioria dos zumbis que estavam no local, meu ar era calmo, porém concentrado, Joanna estava com um mau pressentimento sobre estar naquela Avenida até que a Gasolina do maldito carro acaba e um maldito era mais como uma sombra porém , em uma forma humanóide seqüestrando Joanna, eu corri até que os músculos da minha perna não agüentassem mais, até que eu não conseguisse me arrastar. Mas não foi o Suficiente e agora eu farei o Suficiente mesmo que ela não esteja mais entre os vivos, mesmo que ela seja agora só uma lembrança espalhada pelo vento. .



04/03/2012– Entre um Poeta e Justiceiro

 Perder tudo é difícil mais você levantar mesmo depois disso é um desafio que te torna ainda mais forte. Mas a vida nesse mundo não deixa de ser uma merda eu tenho um motivo para viver e para provar que posso ser tão forte quanto o pesadelo. Recarreguei meu estoque de balas e armas conseguindo de alguns mortos do chão, andei alguns quilômetros até que uma criança clamava por ajuda fui até ela e alguns zumbis estavam atrás do pai dela, a menina mal conseguia respirar de tanto que correu ela ficou atrás de mim e as balas foram certeiras. Tudo salvo, sem desespero meu coração não temia a mais nada.Aquele senhor era um tanto quanto louco, mais eu agradeço até minha ultima prece por ele aparecer na minha vida, contei minha história para o velho e ele disse que essas sombras que raptam as pessoas a levam para o “Castelo dos Gringos”  (Sabia que eles todos iram para o inferno) com fins estranhos , ele mesmo conseguiu escapar.. Se tudo aquilo era verdade ou não, não era uma preocupação pois eu não tinha nada a perder. Pois agora eu vou traçar meu destino e encontrar Joanna nem mesmo que eu morra tentando.
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É demorei mais tá ai, quem gostou e deseja uma continuação manda um comentário maroto ai que faço até mais rápido AUHRHAHUR. Mesmos recados turma Sigam o Blog @heavenswillburn ^^ e comentem se gostaram ou se acham que precisamos mudar algo. Abraços do @der_werwolf


domingo, 20 de março de 2011

Mitologia e nomes


Desde os tempos imemoriáveis,
As paixões crescem nos corações,
Florescem como rosas no jardim.
Novas, inspiram as belas canções
Entoadas de formas variáveis.

Mudanças se dão freqüentemente
Assim é que se vive a vida
Risíveis são aqueles fracos
Indignos, que verão sua partida
Sofrerão eles tão ferozmente!


Das augustas e lindas ninfas
Aos loureiros tão bem vistos
Formando tão bela história
Nos períodos tão mais modestos
E livres de tantas confas*

Mares ainda não desbravados
A espera de certas naus
Rutilando** em suas ondas
Incluindo em si os céus
Só os tornando mais sagrados.

Depois que tudo se vai na brisa
As coisas voltam ao seu normal
Fica o que realmente importa
Nem toda fuga tem mal final
E faz a ninfa o que precisa.

Mantém-se firme na sua ideia
Arreda o pé, e segue em frente
Riscando o passado da memória
Impõe-se ao mundo, inteligente
Seu sangue corre gentil na veia.

*brigas
**brilhando

Dedicado à uma amiga muito querida. Em homenagem à origem do seu nome.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Beijado Por uma Rosa


Deitado num leito de morte
Estava eu quando pude te ver.
Até abri bem os olhos pra crer
Em como tive eu tanta sorte.

Meu pranto a rolar e a neve a cair
Sobre as estátuas do cemitério.
Mas graças ao seu rosto citério
Consigo assim do mal me evadir.


E ao ouvir sua voz, tudo mudou
Algo se transformou em mim
Ao sentir o seu beijo carmim
Minha pele logo se arrepiou.

Você se tornou um vício doce
Que sempre abre meus sentidos
Ao sussurrar em meus ouvidos,
E permaneço sob a sua posse

Mas, se tudo for um sonho
Eu não quero mais acordar
E apenas o que lhe proponho
É que possa eu te amar

A sensação que tenho é que
Sempre que estou com você
O inverno se vai, a neve não cai
E tudo é amor por aqui.

Poema inspirado na bela canção: Kiss from a rose

terça-feira, 15 de março de 2011

Remediações



Chegou em casa naquele dia querendo remediar as coisas. Já havia algum tempo que não se davam mais. Sabia que as coisas não iam bem. Abriu a porta, jogou seu casaco sobre o cabideiro, como fazia todos os dias. Deixou as coisas na sala e foi procurá-lo nos outros cômodos. Não o encontrou em lugar nenhum da casa.
Apenas havia um envelope endereçado à ela, com a letra dele, sobre a lareira. A chuva caía lá fora, assim como as lágrimas lhe caíam dos olhos agora. Não tinha coragem de abrir o envelope. Tinha noção do que encontraria. Resolveu ir comer primeiro, mas nada lhe descia pela garganta. Um aperto profundo e terrível lhe tomou o peito. Voltou à sala, tomou o envelope nas mãos e novamente sua vista ficou marejada de tantas lágrimas que lhe vinham. Abriu-o, sabendo que possivelmente não gostaria do que veria. Leu-o com dificuldade. Nele, seu marido havia escrito que viajaria para a casa da mãe em Minas, estava cansado de como as coisas iam, mas que a amava muito e que talvez pudesse mudar de ideia ao vê-la novamente. Seu vôo sairia exatamente às 19 horas. Eram 18:45. Com dificuldade, correu para a garagem, pegou o carro e correu para o aeroporto. Chegando lá, carros de polícia, bombeiros, reportagem. O avião com destino a Minas Gerais havia sofrido uma pane elétrica durante a decolagem. Seu amor, suas esperanças, sua vida, tudo havia ido junto com o avião. Estava só agora. E descobriu da pior maneira que tudo se pode remediar, exceto a morte.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Mundo animal


E se o mundo fosse diferente?
Animais nos dominassem a todos,
Submetendo-nos aos seus desejos.
Girafas de gravatas borboletas,
Elefantes bigodudos, fumando charutos,
Crocodilos com bolsas-humanas,
Lobos com casacos feitos de pêlos-axilares,
Vacas injuriadas pela Doença da carne-louca
Porcos com pneumonia torácica,
Leões donos de chácaras e fazendas,
E um rebanho de corpos nus,
Trazidos às suas origens animalescas,
Despudorados, sem amores, afazeres,
Apenas o pastar alienado de todos os dias,
Observados pelos visitantes deste circo de horrores,
De propriedade do nosso ancestral primata,
Afinal, todos estão com a Macaca.

Um texto um pouco diferente dos demais que eu escrevo. Espero que gostem, é um pouco mais bem humorado, mas quero que reflitam sobre ele, hein! :)

domingo, 13 de março de 2011

Mudanças do Amor



Prometi não escrever
De amor, nem de paixão
Só iria escrever
De sofrimento e solidão

Mais você mudou meu mundo
E meu jeito de agir
Mudou minha forma de pensar
Minha promessa descumpri


Assim que te vi
E meu olhar encontrou o teu
Minha cabeça explodiu
Meu coração quase morreu

Apenas o seu sorriso
Foi capaz de me salvar
Um sorriso meigo e doce
Em você não podia faltar

Quando você abriu a boca
Não pude deixar de perceber
Além de uma garota bonita
Esperta você também tinha que ser

Ate nos seus defeitos
Consegui achar a perfeição
Estava vivendo nesse mundo
Sem nenhuma emoção

A cada dia que passava
Não parava de te olhar
Você era perfeita
E eu tinha que te conquistar

No dia dezenove
Quando isso aconteceu
Meu coração foi a mil
E ali o amor nasceu

Não podia acreditar
Na sorte que eu tinha
Você estava ao meu lado
Era isso que eu queria

Termino esse poema
Com uma simples declaração
"Este amor é para vida inteira
E está marcado no meu coração"

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Esse poema foi feito em uma noite após uma conversa com a Thais Gorni. Então esse poema é pra ela!

Desesperanças


As coisas se desgastam levemente

como a brisa de manhãs que já se foram

Ou as pedras, que no fundo viraram areia

ou os corpos que por dentro já vão podres

de tantas desesperanças e esperar em vão.



As casas em que morávamos ruíram,

as camas em que dormíamos caíram,

e os amores aos quais nos demos se foram.

O que sobre após o Nada, que se acomodou,

tomou-nos pelas mãos, levando-nos aos seus aposentos?

De lá fez nossa morada, sem nada nos questionar.

Quem diria que de tantos momentos felizes,

carinhos aprazíveis, vozes incríveis,

xingamentos cabíceis, corpos apalpáveis,

depois de tudo isso, viesse o Vazio.

O Nada.

De Nada em Nada, fui me preenchendo,

Perfazendo minha tarefa de inexistir.

sábado, 12 de março de 2011

Filhos do Divórcio


-Então você vai aceitar mesmo sabendo que poderá ser apagado da existência?
-Nada me daria mais prazer!

Então o processo cientifico começou. Cada músculo do meu corpo contorcia a sensação de ser esmagado e cortado em pequenos cubos era tão real, porém não passou de uma experiência da qual sobrevivi e agora me resta uma missão!


Algum tempo atrás:


O ambiente era um bar local, pessoas se divertiam comemorando o fim da repressão que o governo exercia sobre a população. Tudo não passava de festas e fogos de artifícios que ascendem ao céu em seus cinco talvez dez segundos de glória. A verdade é que a vida desse povo era comparada a vida útil dos fogos, apenas um momento instantâneo de felicidade e depois disso um mar de escuridão. Um longo mar de escuridão..

Mais hoje não, hoje a bebida dá alegria e tudo está bem e perfeito. Eu sou o único do lado de fora, observando como tudo começou enquanto um homem pede licença para a moça que estava acompanhando ele sai com um copo na mão para pegar um ar e começar meu ciclo de erros. Ele procura no bolso do casaco, pega uma caixinha a abre com todo esmero e começa a analisar a aliança que existe nela e fala alto “Tenho que tomar coragem para isso!”

Essa é minha deixa, vou de encontro aquele homem passos largos como as sombras, olho bem para aquele ser a minha frente, ele me estranha por ter uns aspectos parecidos com os dele só que ele estava alto demais para perceber todos os detalhes. Ele achou que era um assalto e escondeu a aliança como se isso fosse mais importante que sua vida.


 -Ei, por favor, leva tudo menos isso, é para uma pessoal muito especial!Você entende não é cara?

Ele estava desesperado, hipócrita mal sabe que.. Fiz um gesto pacifico demonstrando que só queria conversar, ele ainda estava apreensivo e evasivo.

-Eu nem sei como começar..
 Eu disse meio irônico, e o homem pareceu se acalmar, mas ainda estava desconfiado
-Sabe essa historinha ai que você pretende pedi-la em casamento agora?Não vai dar certo, e eu sei disso porque eu sei que seu amor por ela não é um ciclo sem fim como essa aliança que você quer dar para a pobre moça!

A história tomou outro rumo e antes que eu pudesse falar o resto o homem começa a choramingar falando que ela era o amor da vida dele e outras besteiras que eu sei que não são verdades. Eu resolvi abrir o jogo, sem mais delongas

-Eu sou seu filho, não.. na verdade eu sou o filho do divorcio eu vim do futuro graças a um teste militar, e resolvi fazer algo para mudar a vida de uma pessoa que não merece sofrer e essa é a minha mãe!Você não sabe como tirou pena por pena de um anjo com um simples pedido de casamento ao longo do tempo. Você volta bêbado todas as noites e discutia com ela, e quando ela fica preocupada você desliga o telefone na cara dela porque é um incompetente que não queria assumir que seu amor por ela morreu!Isso não é nobre, é bem trágico...
Eu precisei de uma pequena pausa para recobrar e não jogar muitas informações naquela mente debilitada pelo álcool o impulso falava mais alto toda vontade de jogar na cara daquele rato todas as verdades me consumiam em chamas.


-Eu não vou falar de todas as desgraças que aconteceram agora, olhe bem para isso!
Aproximei meu rosto daquele homem confuso e mostrei minha cicatriz no olho, graças a uma garrafa e um dia de bebedeira; Lágrimas escoriam dos olhos vermelhos daquele homem e ele disse:
-Você se parece tanto comigo, mais tem os olhos da Cindy...
Escrevi um numero de telefone em um papel e entreguei ao homem,o que seria o de sua futura amante.
-Poupe um tempo e uma vida, faça o que é melhor para todos nós e me prove que se eu nasci com honra foi porque eu puxei um pouco de você!
Ele olhava para baixo tentando não aceitar a verdade, mais novamente olhou para cima levantou-se colocou a mão em meu ombro esquerdo e perguntou em um gesto fraternal
-Você vai ficar bem?
Olhei seco para o homem a minha frente talvez uma reação ao primeiro gesto fraternal que eu tive na vida.
-Melhor impossível.
E então eu observei o homem se despedir da jovem moça ela começou há chorar um pouco mais eu sabia que tudo ficaria bem e ela iria encontrar outra pessoa,terminar a faculdade ter um futuro melhor e mais claro do que sendo uma mãe solteira criando uma criança sozinha. Olhei para o horizonte e aquela cidade brilhava tão intensamente, até que todas as luzes consumiram tudo,nesse instante o tempo parou e o ar se tornava mais leve, ao meu redor só existia eu e um clarão enorme, senti meu coração aquecido pelo menos uma vez de um modo diferente e tudo o que eu consegui ouvir foi a voz da minha mãe me chamando mais uma vez!
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Dedicado a todos Filhos do Divórcio, abraços do @der_werwolf 
Hoje o post tem um tema e um video legal também de um documentário quem quiser assistir é pouco tempo só. Ah  e sigam o twitter @heavenswillburn sigam o blog também é fácil e você NÃO precisa ter outro blog pra seguir, deixe comentários para a equipe melhorar cada vez mais o blog :)

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Hora certa



Anteriormente na saga de Zara, o caçador de anjos:



“Isso também é muito triste! Nós vamos embora deste mundo do mesmo jeito que viemos. Trabalhamos tanto, tentando pegar o vento, e o que é que ganhamos com isso? O que ganhamos é passar a vida na escuridão e na tristeza, preocupados, doentes e amargurados.” (Livro de Eclesiastes, 5. 16-17)


O segurança de dois metros de altura sacou o convite de minha mão e me revistou com apalpadas e uma passada de detector de metais dos pés à cabeça. Fez um sinal com a mão, e finalmente entrei na convenção.
Logo me direcionei ao balcão de informações e tive que enfrentar mais alguns minutos de fila até uma atendente jovem — até demais, parecia ter treze anos — me dizer boa tarde e perguntar o que eu desejava.
— Queria confirmar meu lugar na palestra do Boris Farrell.
— Nome, por favor.
— Zara.
— Zara... — Ela falou, esperando eu continuar com sobrenomes.
— Só Zara. Você não vai achar outro.
— É verdade, senhor — Ela disse depois de poucas teclas apertadas — O seu lugar no salão C é o 2F. Sua presença está confirmada.
Agradeci e comecei a vagar pelos infindáveis estandes daquele espaço gigantesco. Aquela era a 16ª. Feira do Entretenimento, pela primeira vez na capital da Inglaterra. O galpão colossal abrigava representantes de editoras, gravadoras, produtoras e todo tipo de empresa que tivesse alguma ligação com o lazer, além de milhares de pessoas ávidas por novidades e entupidas de ideias e rascunhos para tentar ganhar a vida nesses estandes. Era, de fato, muito interessante, mas eu não estava lá para isso. Talvez com o Vale-Terra eu tenha mais tempo para ler trechos de livros do Dan Brown e ver curta-metragens da Pixar.
A palestra de Boris só começaria às seis, então ainda tinha meia hora de ociosidade até ter o primeiro contato com ele. Boris, ou melhor, Gaar, não seria tão difícil para levar — nem todos os anjos são selvagens como Esmirna —, só que eu teria que gastar todos os argumentos possíveis para convencê-lo de forma amigável. Ele é um gênio cultuado aqui na Terra, pode derrubar qualquer um só com palavras.
Espero que não me derrube.


Meia hora passa rápido.
Já estava acomodado na poltrona 2F do salão C seis horas em ponto, com uma garrafa de água em uma mão e as minhas espinhas na outra. Fiz bem em escurecer a cor dos meus olhos e infestar meu rosto de acne — assim eu passo mais despercebido pelas pessoas —, mas meu rosto pinicava só de pensar que nele residiam várias bolotas vermelhas com células mortas dentro.
Enfim, Boris surgiu com um sorriso escondido pelo bigode grisalho, acenou para a pequena plateia de trezentos plebeus e sentou seus noventa e cinco quilos em uma poltrona azul gigantesca. O palco da palestra foi feito para parecer com uma daquelas casas de sitcoms, cheias de coras e móveis da tendência. No fundo havia um telão onde Boris mostraria seu próximo projeto de série para a Warner Bros. pela primeira vez ao público. Era tudo muito colorido e divertido: Três pessoas foram selecionadas para sentar no sofá do lado oposto à poltrona e fazer duas perguntas cada a Boris. Não vou negar que ele se saiu bem até demais como terráqueo, até eu admiro seu bom humor e desenvoltura ao responder às questões intrincadas sobre o futuro de todas as mídias possíveis e imagináveis.
Os oitenta minutos de bate-papo — pois Boris não se comportava como se estivesse em uma palestra, e sim, em um jantar de Ação de Graças — me fizeram repensar por um momento na missão que tinha. Regras são regras, mas Gaar era mais digno de ser um homem do que muita gente que nasceu de um útero. No entanto, eu tinha que completar a tarefa e chamei um dos seguranças que iria escoltá-lo até o carro. Ele só ergueu os ombros em resposta, e disse a ele para avisar Boris de que  Zara quer falar com ele.
De algum modo muito impressionante, o segurança avisou Boris e ele voltou para o palco, me procurando. Levantei a mão direita e ele finalmente me avistou. Nós, anjos, não nos reconhecemos pelo que vemos — claro, posso virar uma garota albina de um metro e meio agora mesmo se quiser —, mas pelo que sentimos. Nós somos pura energia, e podemos sentir a energia singular de cada anjo, como um perfume ou uma nota musical.
(Só que Gaar já está há trinta e seis anos como humano, então a levantada de braço deu uma força ao velho.)
Boris mandou um segurança — o mesmo da erguida de braço — me mostrar o caminho até seu carro. Sentei no banco do carona e ele, sem frescuras, pegou o volante.
— Quer me levar, né Zara? — Gaar dizia brincalhão, atento nas ruas cinzentas de Londres.
— Querer eu não quero, mas tenho.
— Tudo bem. Está com pressa?
— Nenhuma. Você sabe que tenho todo o tempo do mundo.
— Assim como eu — E abriu um sorriso que me cativou a imitá-lo.
Poucos minutos se passaram até chegarmos em um dos casarões de Gaar, estacionarmos em sua garagem de cinco carros e subirmos para sua sala de estar. Sentei em um sofá de couro branco e ele em uma poltrona do mesmo material. Sentia que estava tendo um déjà vu, revendo Boris Farrell na palestra. Bati na minha testa cheia de acne e esqueci essa bobeira, esperando que ele falasse algo.
— Quer chá, café, suco, água... ?
— Não quero nada, obrigado.
— Nada mesmo? Não é todo dia que você vem a uma casa como essa, não?
Ele tinha razão. Gaar tinha uma residência tão bonita e ornamentada que me fez pensar se Deus não havia dado alguns palpites para a decoração. Quadros valiosos enfeitavam as paredes cáqui do local, me fazendo delirar nas cores e formas indecifráveis deles.
— Não acredito que você conseguiu tudo isso só escrevendo e dirigindo séries, Gaar...
— Nem eu — Falou, puxando uma garrafa de uísque de um compartimento logo abaixo da poltrona e enchendo dois copos. É incrível como ricos têm o costume de ter vários compartimentos secretos na casa — Tome, Zara. Um uísque faz bem.
Hesitei, mas peguei o copo e dei um gole naquele líquido ocre que queimava a garganta. Odiava beber drinques alcoólicos, mas eu precisava levar Gaar o mais rápido possível e ele estava enrolando demais, então resolvi agradá-lo. Seria mais fácil.
— Nem deu tempo de sentir saudades de você — Ele disse, e logo previ que um discurso estava tomando forma — O tempo na Terra passa muito mais rápido do que em nossos campos verdes e tediosos. A vida aqui demanda muito mais percepção, astúcia, esperteza... — Pausa para o uísque — ...São poucos os que conseguem dormir em paz depois do sol se pôr. O mundo continua girando mesmo quando queremos calma. Nunca temos paz na Terra.
— Nem mesmo você?
— Eu tenho tudo, Zara. Uma mulher linda que me ama, dois filhos que já planejam netos para mim, uma conta bancária mais do que satisfatória e um punhado de amigos para jogar mini-golfe nos momentos de tédio. Sou clamado por qualquer um que se interesse um palmo pela televisão, e sou considerado a personificação da mídia. Sou a galinha dos ovos de ouro com bigode, em resumo. Só não tenho paz.
De repente, os olhos vivos de Gaar se transformaram em dois buracos negros que sugaram toda sua luz. Seu rosto ficou abatido, e o Boris de momentos antes era só uma lembrança. Tive calafrios só de ver essa mudança brusca.
— Tenho medo, Zara. Medo desse planeta cair em outra Depressão e eu acordar com a conta zerada. Medo de encontrar meus filhos largados em um beco sujo cheirando cocaína e me mandando tomar naquele lugar. Medo do fracasso das minhas séries, de ficar no ostracismo. Medo da velhice e da falta de juventude. É só isso que penso quando minha cabeça encosta no travesseiro.
Gaar deu mais um gole no uísque e apertou os olhos para evitar que lágrimas caíssem. Era difícil vê-lo nessa situação.
— É como se eu tivesse ficado todo esse tempo aqui pra comprar algo... que não tem preço — Ele dizia entre soluços — A paz não precisa de dinheiro, de fama, de propriedades. Ela é auto-suficiente, só precisa de si mesma. Eu só posso ter paz quando tiver paz, entende?
— Sim. — Mentira.
— Não, você não entendeu.
(Filho da mãe.)
— A paz surge quando você simplesmente não se preocupa com nada. A paz é o desapego. A paz sabe que o mundo gira e que ninguém pode fazer nada contra isso. Ela te invade quando você menos espera, e vai embora sem você perceber que esteve lá. Está entendendo agora?
— Sim. — E é verdade.
— Eu criei muito com o que me preocupar, e essa é a vida que escolhi. Não tenho como voltar. Se você não viesse hoje eu estaria fadado a muitos anos de amargura na hora de dormir. Acho que finalmente aprendi a lição.
Gaar levantou, estendeu os braços e assim ficou, como um Cristo Redentor fora de forma.
— Sabe, Gaar... — Eu dizia, retirando a adaga da cintura —Pensei que eu teria que te dar um sermão para te levar, só que você fez isso por mim...
— Eu estava esperando por você há anos — Ele choramingava, com os olhos distantes e mirando o teto. Ou talvez o céu — Você ou qualquer um que viesse me buscar. Eu não sei mais como voltar ao céu por conta própria, nem me sinto digno disso. Gastei tantos anos humanos para reconhecer que... no fim, Deus tinha razão.
— Ele sempre tem — Confirmei com uma comoção gigantesca querendo imobilizar meu braço — Mas isso é óbvio, Gaar. Ninguém pode levar nada dessa vida.
— O que eu ainda acho uma pena. Até logo, Zara.
— Ei, espere — Lembrei de algo crucial aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo — Como eu vou te levar se você tem mulher, filhos...? Isso não vai dar algum pro...
— Já conversei com Gina — Gaar disse no mais calmo dos tons de voz — Ela sabe o que eu realmente sou, e vai dizer a todos que foi um aneurisma. Aí é só deixar o caixão fechado. Combinamos isso no caso de alguma, hum... saída de emergência.
— Como essa?
— Com certeza — Ele juntou as mãos e retirou do dedo anelar esquerdo sua aliança de casamento. Beijou-a, deixou a jóia em cima da poltrona e voltou à posição de Cristo Redentor — Vá logo com isso, senão serei obrigado a terminar o roteiro da minha próxima série.
E enfiei a adaga em seu pescoço, vendo-o se desfazer em plumas. Tratei de desvanecer o mais rápido possível.




Assim como Gaar, também aprendi uma lição. Olhei para as pessoas que andavam desconfiadas e apressadas pelas ruas de Londres e pensei como nada disso adiantaria na morte. Pensei como nada adianta na morte. A morte é algo distante de mim, mas não consigo deixar de pensar na ideia do Vale-Terra. E seu gostar mesmo daqui? Querer uma casa, um emprego, uma família? Não faço ideia de como será meu futuro, e Deus é metódico demais para me dar qualquer palhinha sobre ele.
No entanto, para todos os efeitos, agora sei que a vida na Terra é questão de momento. A vida é curta, a vida não espera. A vida pertence a nós; a morte pertence a Deus. E tanto uma como outra sempre vêm na hora certa.
Sempre.


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Voltei mais cedo do que pensei que voltaria.
Melhor assim.

quinta-feira, 10 de março de 2011

A lenda das Monções




“Ainda nos deliciamos com as antigas histórias (...) Sentimos seu antigo poder ecoar profundamente em nós, enquanto nossa consciência fica repetindo ‘É só uma história’.” (Paul Levitz)


O homem franzino e desastrado se aproximou da porta de carvalho do antiquário. Abriu-a com o maior receio que já sentira na vida, esperando que qualquer bicho peçonhento picasse sua panturrilha. Entretanto, a escura loja era aparentemente dócil como um filhote de cachorro. Atrás do balcão, um negro gigante olhava para ele, esperando sua aproximação com um sorriso torto no rosto.

Por fim, o pequeno homem — mais pequeno ainda se comparado à muralha negra à sua frente — encostou suas mãos no balcão e esboçou um singelo “oi” com uma delas.
— Oi — O negro respondeu com uma voz cavernosa, que amedrontaria qualquer guerreiro espartano. O rapaz estremeceu, mas controlou a voz para continuar o diálogo.
— É... uma pessoa me mandou o endereço daqui para que eu...
— Você é o ator que não consegue mais se apresentar?
Ele assentiu com a cabeça raspada, impressionado com o corte na conversa. Entretanto, o negro não deixou recobrar o fôlego.
— O seu amigo me ligou falando o problema que você tem, humano. Por favor, sente-se.
A muralha apontou para um banco de madeira para onde o rapaz foi sem hesitar. Olhou-o de cima a baixo e pigarreou para começar a conversa.
— Seu amigo me disse que você é um ator consagrado nos teatros aqui do leste, certo?
— Sim.
— E que você iria entrar em cartaz com uma adaptação de “O Homem Invisível”, de H. G. Wells, certo?
— Sim.
— E que você simplesmente não conseguiu atuar na primeira noite pois caiu em uma profunda depressão, certo?
— Sim.
— E que você não saiu de casa até anteontem, certo?
— Sim. Olha, você pode ir direto ao ponto? Eu...
— Eu que faço as perguntas aqui, certo?
— Está bem — O rapaz disse, congelado de medo.
— Pois bem. O que aconteceu antes da apresentação?
— Acho que nada de importante... arrumei minha casa, encontrei alguns amigos, bebi cerveja...
— Depois da cerveja.
— Espera, se você sabe o que eu preciso falar, por que você mesmo não fala?
— É tão difícil para você me obedecer?
O jovem revirou os olhos e analisou os músculos proeminentes do negro que poderiam esmigalhá-lo se tivesse alguma oportunidade. No entanto, estava com mais medo do seu modo de falar do que de sua massa muscular. Ele falava com a calma de um eremita e não agia como um antiquário de camiseta florida. Ele era indecifrável.

— Posso continuar ou você vai me cortar de novo?
— Vá.
— O que aconteceu depois da cerveja?
— Bem, eu estava com meus amigos nas mesas de fora do bar quando um vento veio e quase levou todas as mesas...
— É isso.
— O quê, o vento?
— Isso não foi um vento — O negro parou, como se quisesse dar um suspense inútil à conversa. Abaixou o tom de voz e disse: — Foi uma Monção.
— Uma o quê?
— Monção.
— Ah sim, aqueles ventos que...
— Não, humano. Nada disso. Nem tente arriscar algo porque você não sabe.
Com as sobrancelhas levantadas, o rapaz se indagou o por quê do homem o chamar de “humano”, afinal ele bem parecia humano também. Um humano aterrorizante e enigmático, mas ainda um humano.
— Há milhares de anos antes do mundo como conhecemos, a palavra “monção” era motivo de desespero para a maioria das pessoas — O antiquário falava com um tom profético, usando muitos gestos para o que expressava — No entanto, ela foi perdendo seu poder com o passar do tempo.
— Os ventos, humano, não são só deslocamentos de ar. Eles são provocados por alguém; alguém empurra esse ar. Normalmente são espíritos bons que foram designados para essa função, e o mundo funciona como deveria funcionar. Mas, às vezes, esses ventos que transitam por todos os mundos e dimensões, movimentam outros espíritos; espíritos malvados ou perdidos que usam o ar para esgueirarem-se pelas realidades. Esses espíritos, na sua maioria, circulam com os ventos e não causam mal algum, mas ainda existem exceções.
— Alguns espíritos resolvem controlar o ar por conta própria. Eles sopram ventos muito fortes e atrapalham o curso normal dos sentimentos e ações humanas. Essas são as Monções.
— Então você quer dizer que aquele vento no bar...
— Sim — A muralha confirmou, estalando o pescoço — Os egípcios foram os primeiros a escrever e até estudar as Monções. Em seus documentos constava um jeito de aprisionar esses espíritos maus.
— E... você sabe qual é o jeito?
— O que você acha que são essas garrafas?
O antiquário apontou para as infindáveis prateleiras que davam voltas no estabelecimento. Nelas haviam garrafas, potes e ânforas de todas as cores e tamanhos, com um líquido levemente esverdeado dentro de cada uma. O ator fracassado ousou em pegar uma e analisá-la de perto. Viu que havia um pequeno pedaço de papel boiando no líquido.
— Com o passar do tempo — O negro continuou, sabendo que o rapaz estava mais interessado do que nunca — Muitos espíritos foram aprisionados e a lenda foi perdendo sua força. Hoje em dia são poucos os espíritos que se aventuram pelas Monções, e você teve o azar de ser atingido por uma.
— Como... como você conseguiu tantos? — O rapaz ainda olhava para o mundo de espíritos enjaulados em frascos tão frágeis. Pensava como uma dessas almas presas em garrafas puderam causar uma crise de depressão tão grande que ele foi obrigado a tomar calmantes por conta própria para dormir quatro horas por dia.
— O meu dono comprou esses frascos do mundo todo, humano. Aqui é um dos únicos lugares da Terra que sabem da existência das Monções.
— Seu... dono?
— Por que você acha que te chamo de humano?

O negro puxou um cantil do bolso e o deixou no balcão.
— Eu estava nesse cantil até dois anos atrás. Fui a primeira alma perdida capturada pelo meu dono. Eu era só um garoto de onze anos quando fui morto com minha família inteira no Vietnã. Desde então minha alma vagava pelos mundos procurando qualquer coisa que eu pudesse fazer, até achar o ofício dos ventos. No entanto, acabei me corrompendo pelas forças do mal e me tornando um criador de Monções. Meu dono foi atingido por uma delas e me aprisionou nesse cantil enquanto fazia uma travessia pelo deserto do Atacama.
— Puxa vida... — O rapaz admirava o negro monstruoso e não o imaginava sendo uma criança amarela de olhos puxados caída com balas americanas no peito. Mas a história ainda não havia acabado.
— Desde então meu dono resolveu caçar essas Monções mundo afora, até que teve um infarto fulminante enquanto tragava um cigarro em algum beco de Nápoles e caiu morto. Um mendigo que encontrou-o abriu esse cantil, pensando que haveria água, mas ele acabou me libertando. Assim, resolvi continuar o nobre trabalho do meu dono e assumi essa forma.
— Caramba...
— Eu sei que você está impressionado, mas não é isso que quer ouvir — O antiquário buscou uma garrafa de refrigerante vazia em uma caixa e tirou uma rolha de camurça de uma gaveta empoeirada — Segure, humano. O espírito que estava te amaldiçoando já deve ter ido embora, mas provavelmente voltará para uma segunda rodada de brincadeiras. Se o vento começar a ficar muito forte perto de você, encha essa garrafa com água até a metade e jogue esse papelzinho aqui dentro dela — A muralha tirou de outro bolso um pequeno papel com os dizeres "debelatum est" — "Terminou a guerra". A água começará a ficar turva e por fim ficará nesse tom esmeralda. Isso quer dizer que o espírito finalmente se acalmou na garrafa. Essas palavras são para que eles se sintam finalmente em paz.
Quando o negro terminou de falar, o rapaz estava boquiaberto e trêmulo. Guardou tudo em sua pequena mochila, disse um "obrigado" apavorado e se dirigia para a porta, mas quando tocou a maçaneta o antiquário o chamou com sua voz de trovão.
— Se conseguir aprisioná-lo, traga a garrafa aqui que eu a compro, certo?
— ...Sim.
O pequeno homem saiu do local atordoado. Não sabia se poderia acreditar em tudo o que ouviu em tão pouco tempo. Sentia-se atingido por uma onda e levado para o meio do oceano, perdido nas águas sem lei e sem saber o que fazer. "Acreditar nisso", ele refletia, "seria como acreditar em Papai Noel". Só que ele não tinha oura opção senão julgar o que os psicólogos chamavam de "transtorno bipolar" ou "excesso de estresse" como um espírito brincando com sua sanidade.

Ele sorriu e partiu correndo para sua casa arrumada, feliz por saber que nem toda a verdade se esconde em livros, e que muitas verdades nem deveriam estar neles.

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'Bas noite, pessoar.

Eu sei que esse texto está horrível, mas é o que tem para hoje. Provavelmente não postarei tão frequentemente por dois fatores: 1. Não consigo organizar minhas ideias e 2. Preciso focar no meu livro, "Céu, Inferno e Liberdade". Ando muito insatisfeito com os contos que escrevo pra cá (vocês não têm NOÇÃO de quantos eu já rasguei. Só esse das Monções reescrevi umas três vezes, e ainda me sai esse lixo), então acho melhor me concentrar no meu grande projeto.
Isso não quer dizer que eu não vá mais postar aqui. Eu vou tentar amadurecer as ideias, continuar a saga de Zara e dar um desfecho para a poesia de Adelaide, mas realmente está difícil para escrever.
Enquanto isso vocês podem ficar com os textos excelentes do Victor, do Barney e do Dereck (falando nisso, bem-vindo ao time!).
Sigam o @heavenswillburn e divulguem o blog para tudo e todos. Quando eu finalmente gostar do meu livro eu volto aqui.

Bye!

Sobre a espera e sobre ela.

Ela nunca sabe o que quer
É apenas uma jovem criança
Acha que a vida é uma dança
E pensa ser uma bela mulher.

E sempre está nesse dilema
Finge pra todos, tenta disfarçar
Faz-se de mulher, finge um olhar
Mas chora a cada novo problema.

Inventa um mundo só para ela
Debocha de mim, desfaz-se de tudo
Esquece que eu a espero na janela

De tanto esperar, fiquei barbudo
Cantei à sua porta, até à capela
Mas depois de cansar, acabei mudo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Que a vida podia ser bem melhor...


Sou uma pessoa, que como toda pessoa,
Vive pensando no futuro,
Fica remoendo o passado
E não lembra de aproveitar o presente.

Eu diria que sou o pior tipo de pessoa...
Pois tenho um defeito,
Defeito esse que muitos acham ruim.
Defeito que ao mesmo tempo destrói e constrói.

Sou uma pessoa que passa a vida imaginando...
Imaginando como seria. Imaginando o "Se?".
Todos costumam rotular essas pessoas como: SONHADORES
É...Sim! Sou um sonhador.

Sou um sonhador que imagina diversas coisas,
Mais sei que essas coisas nunca irão acontecer.
Mesmo sendo sonhador, também sou REALISTA!
A combinação dessas duas características é perigosa.

Perigosa, pois de tanto sonhar
E sabendo que nada irá acontecer,
As pessoas se machucam, se magoam,
Se sentem infelizes e tristes.

Infelizmente na vida, às vezes ate diria felizmente,
Não temos controle do que irá acontecer.
Ou nada sai do jeito que queremos.
Eu sei que nada é do jeito que queremos. NADA

Queria que algumas coisas acontecessem de forma diferente.
Assim não teria que...

Escolher entre a amizade e o amor,
Escolher entre uma pessoa e outra,
Escolher a maneira como irei ser,
Escolher a verdade ou a mentira,
Escolher o ser e o não ser,
Escolher o viver ou se esconder.

Queria que algumas coisas não acontecessem,
Para que eu não tivesse que sofrer a cada noite...

Sofrer com a solidão,
Sofrer com a dor da perda,
Sofrer com os desprezo,
Sofrer com a falta de compaixão,
Sofrer com o afastamento,
Sofrer sem seu amor.

Eu um mundo onde os fracos não têm vez,
Vou deixando minhas migalhas no caminho.
Vou me desfazendo aos poucos,
Para um dia deixar de existir.

Vou tocando a vida enquanto conseguir,
Vou viver com uma só razão de existir.
Vou me alegrar e me decepcionar,
Mas nunca vou deixar de tentar ser feliz.
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Para os desavisados aqui é o Barneyy (Guilherme), espero que gostem do poema!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Primogênitos: O Tempo.



-Dê tempo ao Tempo mesmo que esse Tempo não  seja tão atento.

Disse o Infinito o irmão gêmeo mais velho do Tempo por uma fração de tempo indeterminada, porém mais velho. E essa é a história deles:

Mesmo antes da formação da Abóbada Celeste já existiam alguns seres que foram criados com a grande explosão. Eles foram criados não apenas pela sua necessidade de existir, mas para manter o equilíbrio da balança chamada “Realidade”. Da grande explosão o Infinito foi o primeiro e mais impulsivo a se desprender e começar a preencher o longo espaço e simultaneamente foi acompanhado pelo seu irmão Tempo.

Então com a ajuda de seus outros irmãos e irmãs eles teceram a teia firme e forte da Realidade e juraram balancear a mesma. Com isso desenvolvendo as leis naturais criadoras, foram criados o universo, galáxias, planetas e a vida manifestou-se de todas as formas e tamanhos.
 
Todos orgulhosos de seus feitos começaram a tecer outras realidades expandir o trabalho feito, até que o Tempo desviou seu olhar para um ponto em especifico um planeta dentro da via láctea a Terra e percebeu que uma centelha de vida desenvolvia-se no local.

Espécies e mais espécies em uma fração de segundos como era muito astuto o Tempo já sabia de toda história do velho planeta verde,  pois só precisou observar suas próprias linhas do corpo para perceber o que aconteceu ao longo do tempo naquele planeta em específico.  

O Tempo ficou maravilhado com os humanos e toda sua capacidade lógica de raciocínio,história e sobrevivência, mas depois de ler um pouco mais sobre eles ficou com uma duvida existencial em sua mente. Quando procurou o que alguns grandes gênios da humanidade disse sobre o Tempo: 

“ Uma ilusão. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão.”  Einstein

-Ilusão é isso que eu sou? Eu nunca serei uma aparente ilusão eu existo!

O Tempo então tomado por um ego decidiu provar a humanidade que existia, e para isso andou em diferentes tempos da história da humanidade, desde a época dos Deuses gregos até o mundo atual com o nome de Chronos aparentemente era um homem de cabelos grisalhos e coberto por um sobretudo e uma cartola olhando sempre para um relógio de bolso. Ele esticava suas mãos e para onde ele mirava sua ira era implacável, destruía estátuas e outro monumentos reduzindo-os a mero pó.
 
O pânico e distúrbio causado pelo Tempo na realidade impactaram brutalmente nas teias tecidas pelos Primordiais. Despertando assim o Fim ele recolhe e encaminha toda forma de vida que chegasse ao fim físico da matéria. O Tempo estava no período jurássico transformando espécies primitivas em pó o que fazia várias cordas da Teia se arrebentar Os céus começaram a tremer e trovões anunciavam a chegada do Fim ele não tinha um corpo físico era apenas uma sombra.

-Tempo conforme já sabe, terás de me acompanhar, suas ações causaram um dano enorme na Teia tecida e alimentada por nós. Será julgado por isso, e refeito se for preciso. Eu sou o enviado para te deter dessa insanidade meu irmão.
Disse o Fim em tom amistoso, pois já sabia que o Tempo não iria aceitar ir embora pacificamente.

-Você acha que sabe de tudo não é mesmo Fim? Mais você também é uma ilusão a partir do momento em que sou eu que delimita o tempo existencial das coisas para você poder levar as almas! Se eu não sou real você também não é!

O tempo levantou sua mão direita criando uma prisão envolta do Fim enquanto dentro dela explosões gigantescas aconteciam. Quando acabou o primordial já não estava mais lá então o tempo guardou para si:

-Isso vai me dar certo “tempo”!

Quando abria outro portal para ir ao futuro o Tempo sentiu uma lamina perfurar
seu pulmão do seu corpo humano. Mas além de tudo sua essência primordial era o braço do Fim ajoelhado e sangrando o Tempo sucumbiu ao seu pior erro tornar-se humano demais. Foi quando uma forma angelical perfurou a realidade e afastou os dois primogênitos era o Infinito que disse sem mover uma palavra da boca, sua voz primordial tomou conta do local:

-Irmãos não ferem irmãos.. Tempo eu sinto em te informar, mais realmente nos não existimos. Não para os humanos, eles criam e destroem Deuses com tanta facilidade imagina o que não fazem com nós?A alma humana tenta atingir a perfeição de acordo com seus próprios desejos, seus conceitos evoluíram destruindo o que há de melhor na maioria dos humanos os transformando em escravos de seus próprios padrões de crenças. A culpa é deles? Não pois também não somos perfeitos e a partir do momento que começamos a criar a realidade deixamos traços de nossas imperfeições nela!Não podemos interferir na vida deles nem na realidade em que vivem,meu caro. Nós existimos pela necessidade é por ela que vamos existir e conseqüentemente talvez  desaparecer pra certas formas de vida! Agora vamos temos muito trabalho pela frente

E então o Infinito abriu um corte na realidade onde ele o Fim e o Tempo adentraram para concertar o Paradoxo.

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Até que enfim eu consegui terminar um post desculpa ai galera pela demora :) Mais isso é bom porque agora eu estou com planos maiores para uma possivel saga de "Primogênitos" ;) Boa tarde,madruga ou seja lá a hora relativa que você estiver lendo isso ahuruahuhruahrhuara. 

Abraços  do @der_werwolf


domingo, 6 de março de 2011

É ou não é?


Desde criança você ouve aquele papo dos seus pais, dizendo que na vida é importante não andar com más influências, tomar cuidado com as amizades, logo quando temos as primeiras noções de mundo, de como tudo funciona.

Aos dez você começa a entender as brigas, aos quinze começa a ver o que é certo e o que é errado, e talvez depois dos vinte, consiga entender como é que as pessoas funcionam. O que as deixa felizes, insatisfeitas e até o que fazer para enganá-las, caso você vá se tornando um pilantra inescrupuloso. E muito do seu caráter, nesses anos, é moldado pelo que você assiste, por quem você conversa e por quem considera como referência.

Tá, eu estou aqui com os meus vinte e com um discurso de trinta ou quarenta, mas se pareço mais velho é porque sou experiente e já vi/fiz muita coisa que você, leitor com menos idade, já hesitou fazer. Na mesma proporção que hesitei em agir como muitos agem só para demonstrar coragem, o que ao meu ver é uma estupidez sem tamanho.

Conte quantos amigos seus já quiseram fumar um baseado e te arrastar também. Bah, coisa leve, ficar alto uma vez na semana não mata ninguém. Beber, então, nada demais (Ok, eu bebo, não criticarei quem o faz). 90% das pessoas fumantes que eu conheço, só começaram a ter o hábito quando se deparam com alguém que já é viciado. Evidente que não é um número exato, é só uma estimativa. Mas não é aí que eu quero chegar.

Será que se você se espelhasse em alguém que não carrega consigo algo negativo, as suas vontades não seriam outras? Não que tenhamos de ser caretas e viver com as caras enfiadas em livros. NÃO, pelo amor de James Brown, não. Mas custa ter um estilo próprio de se vestir, de pensar, de se comportar, sem ter de consultar vitrines e tendências que o mundo cospe, sem critério e crivo algum?

Ninguém quer chegar aos cinqüenta, olhando para fotos do passado e pensando: “Poxa, o que é que eu fiz, o que é que eu fui?” Daí sub-entendemos que os ideais não eram próprios, e sim de outras pessoas. Porque quem agiu de acordo com o que acredita, durante a vida, jamais se arrependeu depois.

Os jovens de hoje tem mania de querer imitar exemplos abomináveis, em busca de uma identidade que certamente lhes trará embaraço num futuro não muito distante. Antes que o moralismo torne este texto uma lição, comento que é muito fácil se perder ao responder para si mesmo aquela perguntinha: “quem sou eu”?

Nessa vida, o que te leva para frente ou para trás, são as referências. E cabe a você, só a você, decidir no que elas vão afetar a sua forma de enxergar o mundo, que se encontra cheia de cópias porcas e sem conteúdo algum. Mas antes de qualquer coisa, enxergue. Não deixe que te digam o que é certo ou errado. Quem é sábio, escolhe por si só. 


Nota: Criado pelo meu Irmão Felipe Portes @donfillippo ^^  espero que gostem :) Abraços e Boa noite :)