segunda-feira, 9 de maio de 2011

Trítono


“O que é que você colheu na vida, além de pedras?”
Stephen King, À Espera de um Milagre

I

Oscilo em minha própria luz,
Clamando pelo mais doloroso dos fins.
Não sei quando devo parar,
Mas isso já não pertence mais a mim.

De que vale um relógio sem corda
Ou um coração sem sangue para despejar?
De que vale a perfeição da silhueta
Quando a sombra sem vida está?

Essa é a sina que não quero mais carregar,
A missão para abortar,
A vida para renegar.

II

Prantos.

Atrás de mim há um milhão de suicidas.
À minha frente, um milhão de pecadores.
À minha direita, os homicidas;
À minha esquerda, os perdedores.

O julgamento desce do Céu para nos levar ao Inferno.
A multidão continua a caminhar pela estrada sem fim.
“Antes”, dizia um homem em vestimentas pretas,
“Nesse lugar habitavam nada mais do que mil manequins.”
“Agora”, continuava o homens de olhos divagantes,
“Não há mais espaço para o pecado nesses confins.”

Lá embaixo, várias almas eram queimadas
Pelas minhas mãos a maldição foi escrita.
Em uma fração de eternidade a vida foi encerrada
Acorrentam-me e deixam-me à deriva.

“Você não esperava um banquete para sua chegada”,
Ironizava o homem em um turbilhão de visões.
“Você é só mais um no meio da floresta;
Te darão um número e retirarão suas razões.
Afinal”, falava o homem que parecia cada vez menos real,
“É melhor que você perca a esperança diante das ilusões.”

O homem nunca sorria, não para mim;
Parecia não ter alma ou ter almas demais.
Encostou sua mão na porta do Abismo,
Segurou-me pela garganta,
Jogou-me no buraco sem fim,
Para eu não subir nunca mais.

III

Assumo, retirei minha vida de modo vil,
E agora peço a redenção.
Não a mereço devido à crueldade que cometi,
Mas imploro por uma oração.

Somente uma, que possa me lembrar do que fui
Antes de se esvair minha calma.
Que possa rememorar os sorrisos de minha vintena,
Antes do assassinato da alma.

Jovem demais eu esqueci a beleza do viver,
Sem qualquer noção de feiúra.
Essa é a cruz que terei para manter.

Essa é a sina que carrego com amargura,
Querendo uma chance de nascer
De novo para me redimir de minha postura.


Eu não sou o Álvares de Azevedo, nem o Lord Byron. Muito menos o Dereck ou o Barney, mas eu tou tentando. Se puderem comentar, eu agradeço, porque preciso de um feedback dessa poesia sem nenhuma contagem métrica e a coisa toda.

Em breve, em homenagem ao amigo que comentou no "Pesar", publicarei um texto sobre zumbis. Até lá :D

4 comentários:

  1. Cara, ficou sensacional! Muito show mesmo! Parabéns! :D

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  2. por 2 minutos eu mergulhei em cenas de um universo q vc descreveu. "segurou-me pela garganta, jogou-me no buraco sem fim" isso foi visualmente perfeito de se tentar imaginar. e eu tentei. não achei triste, mas de uma profundidade dificil d encontrar. gostei mto mesmo, parabéns! =)

    to viciando nas coisas q leio por aqui* hehe

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  3. Alisa monaloca, que depressão é essa?
    Ah, trítono é o nome de um intervalo melódico também........

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  4. PARABÉNS !!!

    maravilhoso,profundo, tem muita paixão, apesar da pouca idade, sua ama é milenar, continue...

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